terça-feira, 17 de março de 2015

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Fármacos na dispepsia

- Sabe aquela queixa de refluxo e queimação?
- Sei, OMEPRAZOL!
- Já?! Mas e a causa?
- OMEPRAZOL!
... Talvez um pouco forçado, né?! Afinal, também temos a ranitidina! Rsrs Deixando a brincadeira de lado, que tal darmos uma conferida nos fármacos usados na Dispepsia? Resumo baseado no Goodman & Gilman. Boa diversão!

Existem dois tipos de formas para o tratamento da dispepsia. Uma é pelo controle da secreção de ácido gástrico e a outra pelo aumento dos mecanismos de defesa (muco protetor e contração do esfíncter esofágico inferior).


è Inibidores da bomba de prótons (iBP)
Existem 6 diferentes fármacos, mas com eficácia similar. Omeprazol, Lansoprazol, Dexlansoprazol, Rabeprazol e Pantoprazol.
·         Farmacocinética
Por serem fármacos com maior absorção em meio ácido, sua administração deve ser feita mais ou menos 30 minutos ANTES das refeições. Sendo assim, o uso de antagonistas do receptor H2 não pode ser associado concomitantemente com iBP, pois pode diminuir sua taxa de absorção. Sua excreção é independente da função renal, mas em caso de hepatopatias graves, suas doses devem ser reduzidas.
·         Efeitos adversos e interações medicamentosas
Os principais efeitos adversos são náuseas, dor abdominal, constipação, flatulência e diarreia. Principalmente no caso do Omeprazol, pode haver interações com antipsicóticos e com antiplaquetários.
·         Uso crônico
Pode causar Hipergastrinemia (aumento da concentração de gastrina no sangue) que pode levar a secreção de ácido gástrico por rebote e ainda pode promover a formação de neoplasias, pelo fato da gastrina ser um estimulante tecidual. Também há uma menor absorção de vitamina B12.
·         Usos terapêuticos
Seu uso é para promover a cicatrização de úlceras gástricas e duodenais e para tratar DRGE, incluindo esofagite erosiva, que é complicada ou refratária ao tratamento com antagonistas do receptor H2. Omeprazol de venda livre está aprovado para o autotratamento de pirose. Os iBP são base para os distúrbios hipersecretores patológicos, incluindo a síndrome de Zollinger – Ellison além de poderem ser usados na prevenção de úlceras gástricas associadas ao uso crônico de AINES. Nas crianças o uso de Omeprazol é seguro nos tratamentos de DRGE e na esofagite erosiva.

è Antagonistas dos receptores H2
Sua ação é por competição (ligação reversível) contra histamina para os receptores H2. Existem quatro antagonistas, Cimetidina (pouco usado), Ranitidina, Famotidina e Nizatidina. Esses fármacos possuem uma melhor eficácia na supressão da secreção gástrica noturna. Como o determinante mais importante da cicatrização de úlceras duodenais consiste no nível de acidez noturna, a administração de antagonistas dos receptores H2 à noite constitui um tratamento adequado na maioria dos casos.
·         Farmacocinética
Sua absorção pode ser aumentada pela presença de alimentos ou diminuída por antiácidos. Pequenas quantidades desses fármacos sofrem biotransformação hepática, todavia a presença de doença hepática não constitui uma indicação para ajuste das doses. Sua maior excreção é pelos rins sendo necessário, no caso de taxa de depuração da creatinina diminuída, uma diminuição de dose para uso.
·         Reações adversas e interações medicamentosas
São mínimos os efeitos adversos, mas pode ocorrer diarreia, cefaleia, sonolência, fadiga, dor muscular e constipação. Por atravessarem a placenta e serem excretados no leite materno, seu uso deve ser com cautela durante a gravidez.
·         Uso terapêutico
Principais indicações são para o tratamento da DRGE não complicada, cicatrização de úlceras gástricas e duodenais e evitar úlceras de estresse.
OBS: o uso de fármacos que controlam secreção gástrica pode levar a uma hipergastrinemia, causando uma resistência ao tratamento. Esse efeito com a gastrina é devido a um feedback do organismo por estar produzindo menor quantidade de ácido gástrico e por consequência o organismo produz mais gastrina. Sendo assim, é recomendado quando for parar com tratamento (tanto para iBP quanto para antagonista do receptor H2), que o fármaco seja retirado de forma gradual ou que use um agente alternativo como os antiácidos. Os antagonistas do receptor H2 são mais propensos a terem um aumento do ácido gástrico durante a terapia pois a gastrina estimula produção de histamina e assim aumenta a competição pelos receptores H2, portanto para isso ocorrer com os iBP é mais difícil.

è Análogos das prostaglandinas
Nesse grupo existe apenas o Misoprostol. Como se trata de um agonista das prostaglandinas, seu uso é voltado para as lesões decorrentes ao uso de AINES. A dose habitual recomendada é de 200 microgramas 4 vezes ao dia.
·         Efeitos adversos
Ocorre diarreia em até 30% dos pacientes, pode causar exacerbação da doença inflamatória intestinal e seu uso é contraindicado durante a gravidez.

è Sucralfato
Na presença de lesões induzida por ácido, a hidrólise das proteínas da mucosa mediada pela pepsina contribui para a erosão e as ulcerações da mucosa. Em ambiente ácido o Sucralfato sofre extensa ligação cruzada, produzindo um polímero viscoso e pegajoso, que adere às células epiteliais e às crateras das úlceras durante até 6 horas após uma dose e assim inibir esse processo da pepsina.
·         Uso terapêutico
Em virtude de seu mecanismo singular, seu uso é mais para afecções associadas a inflamação / ulceração da mucosa, como mucosite oral (úlceras por radiação e aftosas) e gastroparesia por refluxo de bile. Seu uso por via retal pode tratar proctite por irradiação e em úlceras retais solitárias. Como é ativado em meio ácido o Sucralfato deve ser tomado com estômago vazio, 1 hora antes das refeições e deve ser evitado o uso de antiácidos até 30 minutos após a administração. A dose habitual é de 1 grama 4 vezes ao dia.
·         Efeitos adversos
O mais comum é a constipação. Seu uso deve ser evitado em pacientes com insuficiência renal. Por formar uma camada sob a mucosa gástrica pode haver interferência na ação de vários fármacos, com isso é recomendado a administração do Sucralfato pelo menos 2 horas após administração de outros fármacos.

è Antiácidos
     Existem pelo menos 4 tipos de antiácidos, os que contém alumínio, cálcio, magnésio e sódio. O bicarbonato de sódio apresenta uma alta absorção e com isso tem uma ação rápida e absorção elevada de sódio pode causar risco para pacientes com insuficiência cardíaca ou renal. O que contém cálcio pode causar secreção ácida de rebote e também pode causar flatulências, eructação, distensão abdominal e náuseas. Magaldrato (contém alumínio e magnésio) por ser pouco absorvível exercem efeito antiácido mais prolongado. Para o tratamento de úlceras não complicadas, os antiácidos são administrados por VO, 1 a 3 horas após as refeições e ao deitar. Na insuficiência renal não deve usar o Magaldrato. Pelo fato dos antiácidos causarem alterações no pH gástrico e urinário é recomendado que seu uso seja pelo menos 2 horas antes ou depois do uso de outro fármaco.

REFERÊNCIA: As bases Farmacológicas da Terapêutica de Goodman & Gilman, 12ª edição

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