segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

Widgets

ABCDE do Trauma

          Ontem foi dia da prova da PMRJ! Uhuuul... enfim, caíram algumas questões sobre trauma, que achei muito legais por sinal, e por isso resolvi fazer um resumo sobre uma das principais partes do atendimento pré hospitalar (APH)!
                O tratamento de um doente vítima de trauma grave requer avaliação rápida das lesões e instituição de medidas terapêuticas de suporte de vida. Portanto é fundamental estabelecer uma sequência lógica no atendimento desse paciente. Este processo é denominado “avaliação inicial”. Dentro desse processo existe o “exame primário” representado pelo mnemônico ABCDE dos cuidados do traumatizado. Neste resumo vou abordar separadamente cada uma dessas etapas.
                Etapa A envolve duas ações, estabilizar a coluna cervical do paciente e assegurar que a via aérea esteja pérvia. Durante o APH deve haver sempre um socorrista exclusivo para estabilizar a coluna cervical enquanto o paciente não for colocado na prancha com head block e colar cervical. Em relação a via aérea pérvia, o socorrista deve avaliar sinais de obstrução e se presentes, realizar a manobra de Chin lift ou a de elevação da mandíbula. Se não houver contra indicação pode ser usada cânula orofaríngea ou a nasofaríngea para auxiliar na abertura da via aérea.
                Etapa B é fundamental, pois apesar da VA estar pérvia, o paciente pode apresentar alguma lesão no tórax que impossibilite sua respiração e ventilação. Com isso, é fundamental que o exame físico do tórax seja realizado! As principais causas a serem investigadas são: pneumotórax hipertensivo, pneumotórax aberto, tórax instável, hemotórax maciço e tamponamento cardíaco. Caso esteja presente alguma dessas lesões deve ser feito imediatamente conduta paliativa para posterior medida definitiva. OBS: Paciente só dispneico, como determinar se é por via aérea obstruída ou por lesão torácica?!
                Etapa C, Circulação e controle da hemorragia, é feito primeiramente, pela avaliação da consciência, cor da pele e características do pulso periférico para determinar se paciente está em choque. Estando presente, o segundo passo é determinar sua causa, e essa geralmente está diretamente relacionada com o mecanismo da lesão. Em vítima de trauma, até que prove o contrário o choque é hipovolêmico. No entanto pode ser cardiogênico, neurogênico ou séptico. Os principais locais que podem conter um sangramento capaz de causar choque são: tórax (avaliado na etapa B), abdome, pelve e coxa. Em virtude da prevalência o tratamento do choque é preconizado pela quantidade de volume que o paciente perde, sendo classificado em 1, 2, 3 ou 4 (figura 1) além, do controle da hemorragia externa (se presente). Se mesmo com tratamento paciente não tiver melhora dos sinais vitais, deve ser feito um FAST (“USG da emergência”) ou lavado peritoneal diagnóstico (LPD) para auxiliar no diagnóstico. Tomografia computadorizada só será realizada se paciente estiver hemodinamicamente estável.

Figura 1.

                Etapa D, (Des)orientação, pode ser feita pela Escala de Coma de Glasgow (ECG) (figura 2) e pela avaliação das pupilas. Importante lembrarmos de fazer a etapa D antes de administrar relaxantes musculares ou sedativos. Hipoglicemia, tóxicos ou álcool podem alterar o nível de consciência do paciente. Em relação ao trauma, pode ser por um hematoma epidural, subdural ou intracerebral ou por lesão encefálica difusa. Caso o paciente apresente piora da ECG no decorrer do atendimento é fundamental reavaliar as etapas anteriores!

Figura 2.

                Etapa E, exposição, deve despir o paciente e buscar alguma lesão não vista anteriormente incluindo o dorso do paciente (inspeção e palpação), e para evitar a hipotermia, através de cobertores e com aquecimento das soluções (~ 39°C) a serem infundidas.
                Apesar dessas etapas estarem descritas separadamente, elas são realizadas, na medida do possível, de forma simultânea mas sempre obedecendo a lei, “o que mata primeiro deve ser visto primeiro”.
REFERÊNCIA: Advanced Trauma Life Suport (ATLS), Student Course Manual. 2012 

Deixei algumas questões em aberto, de propósito, para poder instigá-los! Qualquer dúvida ou informação adicional será bem-vinda, por isso deixe-a nos comentários abaixo! Se você gostou cadastre seu e-mail para receber nossas atualizações.


Até a próxima, galera!

4 comentários :

  1. uma dúvida, a parte de entubação orotraqueal, crico e traqueostomia entraria no A ou B? e drenagem tóracica e toracocentese??

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Opa! Ótima dúvida! Tanto a entubacao orotraqueal quanto a crico, são procedimentos para aumentar a permeabilidade da vi aérea. Dentro do ABCDE do Trauma, a letra A está relacionada com abertura d via aérea. Já a toracocentese é utilizada n letra B. Uma coisa importante é : você só passa d uma letra par outra após resolver todos os problemas. Uma observação final: Em teoria v não deve fazer drenagem Torácica e tireoiostomia durante o atendimento inicial. Ambos esses procedimentos, devem ser feitos em um segundo momento. Espero ter ajudado! Qualquer coisa estou aqui!

      Excluir
  2. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Obrigado, Caroline! Se tiver qualquer dúvida, podemos conversar sobre!

      Excluir

E aí, vamos aos debates?