- Sabe aquela
queixa de refluxo e queimação?
- Sei,
OMEPRAZOL!
- Já?! Mas e a
causa?
- OMEPRAZOL!
... Talvez um
pouco forçado, né?! Afinal, também temos a ranitidina! Rsrs Deixando a
brincadeira de lado, que tal darmos uma conferida nos fármacos usados na Dispepsia? Resumo baseado no Goodman & Gilman. Boa diversão!
Existem dois
tipos de formas para o tratamento da dispepsia. Uma é pelo controle da secreção de
ácido gástrico e a outra pelo aumento dos mecanismos de defesa (muco protetor e
contração do esfíncter esofágico inferior).
è Inibidores
da bomba de prótons (iBP)
Existem 6
diferentes fármacos, mas com eficácia similar. Omeprazol, Lansoprazol,
Dexlansoprazol, Rabeprazol e Pantoprazol.
·
Farmacocinética
Por serem fármacos com maior
absorção em meio ácido, sua administração deve ser feita mais ou menos 30 minutos
ANTES das refeições. Sendo assim, o uso de antagonistas do receptor H2
não pode ser associado concomitantemente com iBP, pois pode diminuir sua taxa
de absorção. Sua excreção
é independente da função renal, mas em caso de hepatopatias graves, suas doses
devem ser reduzidas.
·
Efeitos adversos e interações medicamentosas
Os principais efeitos adversos
são náuseas, dor abdominal, constipação, flatulência e diarreia. Principalmente
no caso do Omeprazol, pode haver interações com antipsicóticos e com antiplaquetários.
·
Uso crônico
Pode causar Hipergastrinemia
(aumento da concentração de gastrina no sangue) que pode levar a secreção de
ácido gástrico por rebote e ainda pode promover a formação de neoplasias, pelo
fato da gastrina ser um estimulante tecidual. Também há uma menor absorção de vitamina B12.
·
Usos terapêuticos
Seu uso é para
promover a cicatrização de úlceras gástricas e duodenais e para tratar DRGE,
incluindo esofagite erosiva, que é complicada ou refratária ao tratamento com
antagonistas do receptor H2. Omeprazol de venda livre está aprovado para o
autotratamento de pirose. Os iBP são base para os distúrbios hipersecretores
patológicos, incluindo a síndrome de Zollinger – Ellison além de poderem ser
usados na prevenção de úlceras gástricas associadas ao uso crônico de AINES.
Nas crianças o uso de Omeprazol é seguro nos tratamentos de DRGE e na esofagite
erosiva.
è Antagonistas
dos receptores H2
Sua ação é por
competição (ligação reversível) contra histamina para os receptores H2. Existem
quatro antagonistas, Cimetidina (pouco usado), Ranitidina, Famotidina e
Nizatidina. Esses fármacos possuem uma melhor eficácia na supressão da secreção
gástrica noturna. Como o determinante mais importante da cicatrização de
úlceras duodenais consiste no nível de acidez noturna, a administração de
antagonistas dos receptores H2 à noite constitui um tratamento adequado na
maioria dos casos.
·
Farmacocinética
Sua absorção
pode ser aumentada pela presença de alimentos ou diminuída por antiácidos.
Pequenas quantidades desses fármacos sofrem biotransformação hepática, todavia
a presença de doença hepática não constitui uma indicação para ajuste das
doses. Sua maior excreção é pelos rins sendo necessário, no caso de taxa de
depuração da creatinina diminuída, uma diminuição de dose para uso.
·
Reações adversas e interações medicamentosas
São mínimos os efeitos adversos,
mas pode ocorrer diarreia, cefaleia, sonolência, fadiga, dor muscular e
constipação. Por atravessarem a placenta e serem excretados no leite
materno, seu uso deve ser com cautela durante a gravidez.
·
Uso terapêutico
Principais
indicações são para o tratamento da DRGE não complicada, cicatrização de
úlceras gástricas e duodenais e evitar úlceras de estresse.
OBS: o uso de fármacos que
controlam secreção gástrica pode levar a uma hipergastrinemia, causando uma
resistência ao tratamento. Esse efeito com a gastrina é devido a um feedback do
organismo por estar produzindo menor quantidade de ácido gástrico e por consequência
o organismo produz mais gastrina. Sendo assim, é recomendado quando for parar
com tratamento (tanto para iBP quanto para antagonista do receptor H2), que o
fármaco seja retirado de forma gradual ou que use um agente alternativo como os
antiácidos. Os antagonistas do receptor H2 são mais propensos a terem um
aumento do ácido gástrico durante a terapia pois a gastrina estimula produção
de histamina e assim aumenta a competição pelos receptores H2, portanto para
isso ocorrer com os iBP é mais difícil.
è Análogos
das prostaglandinas
Nesse grupo
existe apenas o Misoprostol. Como se trata de um agonista das prostaglandinas,
seu uso é voltado para as lesões decorrentes ao uso de AINES. A dose habitual
recomendada é de 200 microgramas 4 vezes ao dia.
·
Efeitos adversos
Ocorre
diarreia em até 30% dos pacientes, pode causar exacerbação da doença
inflamatória intestinal e seu uso é contraindicado durante a gravidez.
è Sucralfato
Na presença de
lesões induzida por ácido, a hidrólise das proteínas da mucosa mediada pela
pepsina contribui para a erosão e as ulcerações da mucosa. Em ambiente ácido o
Sucralfato sofre extensa ligação cruzada, produzindo um polímero viscoso e
pegajoso, que adere às células epiteliais e às crateras das úlceras durante até
6 horas após uma dose e assim inibir esse processo da pepsina.
·
Uso terapêutico
Em virtude de
seu mecanismo singular, seu uso é mais para afecções associadas a inflamação /
ulceração da mucosa, como mucosite oral (úlceras por radiação e aftosas) e
gastroparesia por refluxo de bile. Seu uso por via retal pode tratar proctite
por irradiação e em úlceras retais solitárias. Como é ativado em meio ácido o
Sucralfato deve ser tomado com estômago vazio, 1 hora antes das refeições e
deve ser evitado o uso de antiácidos até 30 minutos após a administração. A
dose habitual é de 1 grama 4 vezes ao dia.
·
Efeitos adversos
O mais comum é
a constipação. Seu uso deve ser evitado em pacientes com insuficiência renal.
Por formar uma camada sob a mucosa gástrica pode haver interferência na ação de
vários fármacos, com isso é recomendado a administração do Sucralfato pelo
menos 2 horas após administração de outros fármacos.
è Antiácidos
Existem pelo menos 4 tipos de antiácidos, os que
contém alumínio, cálcio, magnésio e sódio. O bicarbonato de sódio apresenta uma
alta absorção e com isso tem uma ação rápida e absorção elevada de sódio pode
causar risco para pacientes com insuficiência cardíaca ou renal. O que contém
cálcio pode causar secreção ácida de rebote e também pode causar flatulências,
eructação, distensão abdominal e náuseas. Magaldrato (contém alumínio e
magnésio) por ser pouco absorvível exercem efeito antiácido mais prolongado.
Para o tratamento de úlceras não complicadas, os antiácidos são administrados
por VO, 1 a 3 horas após as refeições e ao deitar. Na insuficiência renal não
deve usar o Magaldrato. Pelo fato dos antiácidos causarem alterações no pH
gástrico e urinário é recomendado que seu uso seja pelo menos 2 horas antes ou
depois do uso de outro fármaco.
REFERÊNCIA: As bases Farmacológicas da Terapêutica de Goodman & Gilman, 12ª edição
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