E
ai galera, foi complicado??? Caso fácil pra gente não começar com o pé esquerdo
né? Se é a primeira vez que você veio nos visitar, clique aqui para ir ao caso
e depois volte para discutimos o caso.
E
ai, o que o Sr. BBP tem?
A
primeira pergunta que foi feita - qual o diagnóstico mais provável - é a mais
importante, pois é ela que irá nos direcionar o tratamento. A resposta da letra
"a" é sepse, com síndrome da resposta inflamatória sistêmica (SIRS) e
disfunção sistêmica de múltiplos órgãos, provavelmente causada por pielonefrite
obstrutiva.
Então,
como eu posso aferir a gravidade do quadro clínico? Um escore de detecção
precoce com base em alterações dos sinais vitais é uma forma objetiva para
avaliar a gravidade de pacientes potencialmente críticos. Esta instabilidade do
paciente indica uma necessidade para atenção mais imediata.
Já
sei o que ele tem e apliquei o escore de gravidade. Então vamos tratar! As
primeiras intervenções a serem consideradas são a correção da hipoxemia grave e
a hidratação agressiva, para restaurar a pressão sanguínea, melhorar a
taquicardia, aumentar o débito cardíaco (DC) e o débito urinário (DU). A
prioridade na primeira hora de manejo é administrar a antibioticoterapia
correta com cobertura para os patógenos mais comumente envolvidos. O tratamento
com base em metas deve seguir as diretrizes do Surviving Sepsis Campaign e por
fim, o ureter e o rim obstruído devem ser drenados.
Agora
que já temos uma passada geral no caso e respondemos as perguntas, vamos a
discussão!
O
paciente descrito no caso estava prestes a receber alta hospitalar. A
enfermeira percebeu os sinais vitais alterados e você foi chamado. Ao chegar,
observou um paciente taquicárdico, hipoxemico, hipotenso e com confusão mental.
A SaO2 de 80% provavelmente está associado com uma pressão parcial
de oxigênio (PaO2) de 45mmHg, a qual é incompatível com a vida.
Portanto, a primeira intervenção é oxigênio! Colocou a máscara de oxigênio no
Sr. BBP? Ótimo, vamos para o próximo paso.
O reconhecimento precoce de uma doença
crítica é crucial para reduzir morbidade e mortalidade. A taxa de
mortalidade é de cerca de 5% entre todos os pacientes hospitalizados e sobe
para 15% em pacientes internados em leitos de terapia intensiva. Em casos de
sepse e lesão pulmonar aguda a taxa de morte pode atingir 50%! Intervenções
precoces, como fluidoterapia agressiva e antibióticos para pacientes
hospitalizados que demonstram sinais precoces de sepse com deterioração
hemodinâmica (como taquicardia, hipotensão, baixo DU, febre e alterações do
estado mental) têm reduzido marcadamente morbidade e mortalidade.
Sistemas
de escore utilizando observações rotineiras e sinais vitais mensurados pela
enfermagem e técnico de enfermagem são usados para avaliar possível decaída no
estado geral dos pacientes. Essa deterioração frequentemente precede um futuro
declínio nos parâmetros fisiológicos. Dessa forma, uma falha na identificação
de alterações nas funções respiratória e cerebral coloca os paciente em risco
de uma parada cardiorespiratório (PCR). Por isso, a identificação precoce de
pacientes internados em risco de declínio por meio da mensuração de parâmetros
fisiológicos reduzirá o número de ressuscitações cardíacas necessárias
imediatamente antes da internação na UTI.
O
escore de alerta precoce (EWS, do inglês
early awareness score) é uma ferramenta para avaliação à beira do leito
baseada em cinco parâmetros
fisiológicos:
1- Pressão
arterial Sistólica (PAS);
2- Frequência
Cardíaca (FC);
3- Frequência
Respiratória (FR);
4- Temperatura;
5- Resposta
Neurológica
A
PCR tem sido associada com falência em corrigir o declínio fisiológico da
oxigenação (respiração), hipotensão (pressão arterial) e sensório (veja o quadro
abaixo). Estes achados podem estar presentes até oito hora antes de uma
eventual PCR.
INSTABILIDADE HEMODINÂMICA
|
|
Instabilidade indicada por um ou mais dos seguintes
sinais:
|
Perfusão inadequada por um ou mais dos seguintes sinais:
|
Hipotensão
|
+ Lactato
> 2 mmol/L
|
Taquicardia não
responsiva ao tratamento
|
+ Enchimento
capilar prolongado (>3 segundos)
|
Alteração ortostática
dos sinais vitais
|
+ Redução do
Débito Urinário
|
Necessidade de
múltiplos bólus intravenosos para a manutenção arterial ou perfusão adequada
|
+ Alteração
do sono
|
Necessidade
de medicamentos inotrópicos ou vasopressores intravenosos para manutenção de
pressão arterial ou perfusão adequada
|
+
Extremidades frias e moteadas
|
Os sinais vitais
Devemos
estar sempre atentos aos sinais vitais. O próprio nome já diz: são vitais!!!! Então
vamos desmistificá-los:
a) Frequência respiratória (FR): a FR varia com a idade, mas a faixa
de normalidade para um adulto é de 12 a 20 IRPM. Ela é um indicador de
potencial disfunção respiratória. Um FR elevada, maior que 25 a 30 IRPM, é um
fator de mau prognóstico em pacientes com pneumonia, insuficiência cardíaca
congestiva (ICC) e outra doenças, como doença pulmonar obstrutiva crônica
(DPOC).
b) Pressão arterial (PA): ela apresenta duas medidas: uma mais alta, a
pressão sistólica (contração ventricular), e uma mais baixa, a pressão
diastólica (enchimento ventricular). Não
há um valor absoluto natural ou "normal" para PA, mas sim uma faixa
de valores. Quando excessivamente elevados, estes valores estão associados a
risco aumentado de doença cerebrocardiovascular ou cardiopatia. A diferença
entra a PAS e a PAD é chamada de pressão de pulso (PP). Uma PP reduzida ou
estreita sugere perda de volemia intravascular significativa. Se a pressão de
pulso é extremamente baixa, menor que 25,
a causa pode ser um baixo volume de ejeção, como na ICC ou no choque. A
PA, em geral, é medida em ambos os braços mas também pode ser medida nas
pernas, a qual é chamada de PA segmentar e avalia estenose ou oclusão arterial
dos membros inferiores.
c) Pulso: é o resultado da expansão física das artérias. A FC é, geralmente,
medida no punho ou na fossa cubital, sendo registrada em batimentos por minutos
(BPM). O pulso é comumente mensurado na artéria radial, porém, se não for
possível, podemos mensura-lo na fossa cubital (artéria braquial), na região
cervical sobre a artéria carótida (pulso carotídeo), atrás do joelho (pulso
poplíteo) ou no pé (artéria dorsal do pé ou artéria tibial posterior). A FC
também pode ser obtida na ausculta cardíaca, diretamente com o estetoscópio. Um
pulso irregular com pulos regulares é sugestivo de Fibrilação Atrial, por
exemplo. Frequências menores que 60 ou maiores que 100 são definidas como
bradicardia e taquicardia, respectivamente.
d) Temperatura: uma temperatura elevada é um indicador importante de
doença. especialmente quando precedida de calafrios. Infecção ou inflamação
sistêmica é indicada pela presença de febre (Tax>38°C) ou uma elevação
significativa de temperatura normal do indivíduo. A febre aumenta 10bpm a cada 0,4°C acima do normal. A redução da
temperatura (hipotermia) menor de 35°C, também deve ser valorizada, desde que
seja um sinal ominoso para gravidade, sendo mais perigosa do que a hipertermia.
Febre
e outros sinais vitais são essenciais para o diagnóstico de SIRS. Já sepse é
definida como SIRS em resposta a um processo infeccioso confirmado ou suspeito.
A sepse grava é definida como sepse com disfunção orgânica, hipoperfusão OU
hipotensão. O choque séptico é definido como hipotensão ou hipoperfusão
induzida por sepse, independentemente da adequada ressucitação volêmica.
SÍNDROME DA RESPOSTA INFLAMATÓRIA
SISTÊMICA (DOIS OU MAIS DOS SEGUINTES)
|
Temperatura >38°C ou <36°
Frequência cardíaca >90 bpm
Frequência respiratória > 20
irpm ou PaCO2 < 32mmHg
Contagem leucocitária >12.000/µL,
ou > 10% de formas jovens
|
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